segunda-feira, janeiro 23, 2006

Provavelmente a frase do ano

"Avancemos para águas mais profundas "- Lc 5,4
( Embora o ano nem começou ... )

19 dias depois ...

Meu Deus, como mudamos? Risos ...
Passei um final de semana perfeito, vendo amigas levando a vida de casada e pensando " Que máximo a minha vida, não ter que cozinhar, cuidar de crianças, trocar fraldas, prefiro mesmo, passar o domingo tomando cerveja com os amigos, neste dia de calor ..." ( isso que nem gosto de cerveja, rs)
Mas, não vim postar sobre isso.
Acabei de assistir Machuca, filme belíssimo.
E me pergunto, como existem pessoas que só gostam daqueles filmes iguais, de ameaças iguais, que tentam matar americanos iguais, que se defendem de formas iguais? Ou que gostam daqueles filmes iguais de espíritos que fazem coisas iguais? Ou de comédias iguais em colégios iguais? Não sei.
Não que eu esteja defendendo que todos os filmes americanos são ruins ( é quase isso) e vice-versa, mas recebemos uma grande maioria de enlatados tenebrosos, e muitas vezes, já ouvi de amigos " há, lá vem a Carol com aqueles filmes que fazem pensar, esses eu não quero assistir hoje."
Como as pessoas podem não gostar de pensar?
O que sobra?
Ouvi isso mais de uma vez no final de semana.
Na igreja, questionando a molecada, sobre, o que era pecado, pra onde íamos após a morte, se existia realmente alguma entidade demoníaca, muitos responderam " prefiro permanecer na ignorância destas coisas, pra continuar próximo a Deus, porque as dúvidas me afastam"
E o conhecimento faz o que?
Pensa minha gente!

quarta-feira, janeiro 04, 2006

=|

Nossa, a muito tempo o coração não doía assim ... é isso e todo o resto que vem acontecendo comigo há alguns anos. Agora chega, tá?
Vontade de deitar na grama, olhar pro céu, nos braços de alguém que você tenha a certeza que te ame e que você ame também. Vontade de sentir aquele frio na barriga quando vê a pessoa, mesmo após um ano de namoro. Vontade de fazer planos de casamento. Vontade de cozinhar para alguém amado. Vontade de assistir um romance perfeito, e achar que aquilo não é nada, comparado a sua história linda. Vontade de ganhar apelidos carinhosos, de ser carregada no colo, de ser girada no ar. Vontade de ficar em casa torcendo para que a pessoa consiga aquele emprego. Vontade de ficar em casa num dia chuvoso embaixo das cobertas vendo uma coisa bem boba na tv. Vontade de emburrar por uma bobeira e fazer as pazes. Mas, agora, Deus, me dá uma folguinha, me dá um tempinho. Chega de amores difíceis, chega de briga e chega de tentar dar a volta por cima.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Coração em caquinhos ...

Foi muito difícel terminar este namoro ... mas a distância é muito grande. E o Marcos não para em sua cidade nunca. Eu não sei se fiz o certo, e agora me parece que não, porque o coração dói muito.
E fossa em espanhol, parece tão mais doída.
Quando o Marcos estava aqui tudo era perfeito, mas como ele tão longe, não é mais igual. Não poder olhar quando se conversa, não poder abraçar ... Ele consegue, e eu não.
Espero que ele não continue a me culpar por isso.
Sei que teríamos muito ainda por fazer e que vivemos coisas maravilhosas, mas não sei, não aguentei a distância.
Agora só consigo lembrar dos momentos bons que passamos juntos, como quando ele cantava " ...que todo el mundo cabe en el teléfono, que no hay distancias grandes para nuestro amor, que todo es perfecto, cuando te siento, tan cerca aunque estés tan lejos ..."
Como eu queria que você fosse brasileiro, embora foi tão bom, ouvir cada palavra doce em espanhol.

"Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu
Até pensei que era mais por não saber
Que ainda sou capaz de acreditar
Me sinto tão só
E dizem que a solidão até que me cai bem
Às vezes faço planos
Às vezes quero ir
Pra algum país distante
Voltar a ser feliz"
Legião Urbana - Maurício

Viagem a Bahia - Parte IV - O que andou pensando o coração ...

Confuso, confuso, confuso ...
Não consegui falar com o Marcos todo este tempo na Bahia.
Isso foi muito ruim.
E tem tanta coisa acontecendo ...

Viagem a Bahia - Parte III

O meu Natal e Ano Novo, foram muito diferentes e especiais. Sem mesa farta, pelo contrário, sem família, ou presentes, mas muito feliz.
O Natal passei na casa das irmãs, foi muito legal. O mais importante era realmente estar feliz porque era Natal.
O Ano Novo, na casa da Taís, que é vizinha a comunidade , trabalha lá, foi a base de bolacha de banana e salgadinho, dançando arrocha, rs. E com todos os meus amigos baianos e estrangeiros abainados já. Foi muito legal. Na verdade na virada em si, estávamos em oração. E meu jantar neste dia foi com Big e Isaac, comendo acarajé com tubaína, rs.
Após a virada, dormi umas 3 horas, e fui com o Isaac, um novo grande amigo, pra Salvador, visitamos a cidade baixa, cidade alta, o pelorinho, com direito a cocada, tapioca, geladinho de umbu, ver roda de capoeira, fazer trancinhas no cabelo, comprar um montão de fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim.
Neste dia que passamos em Salvador, ia ter um show na Barra, com Daniela Mercury, Chico César e Cidade Negra. Que sorte, pegamos um show muito bom, num lugar lindo, e encontrei uma amiga da faculdade que foi pra lá pra trabalhar no MST.
Por fim, peguei, chorando o avião de volta pra SP.
Já cheguei com uma garoa boa ....
Sem um tostão no bolso.
E renovada pra começar 2006.

Viagem a Bahia - Parte II

As colônias de férias começaram dia 26, a primeira, na qual fiquei , era com crianças de 8 até 10 anos.
A troca cultural em Taizé é muito grande. No grupo de monitores, tínhamos, um francês, duas alemãs, um sergipano, 3 baianos, 1 chilena, e 4 paulistas.
Também pude conviver com uma irmã do Congo.
Todos me alertaram que as crianças são extremamente violentas e sem limites, e realmente, tinha horas que parecia rebelião da Febem. Literalmente. Pedaço de vidro na mão sobre a caixa de água, algo assim. Mas é uma dose tão grande de amor que estas crianças recebem de todos os lados estes dias, que chega uma hora em que elas vão voltando a ser crianças que só querem um colo.
Muitas crianças são carinhosas, mas muitas não aceitam que você toque nelas, é muito bom ver isso ir mudando. É muito bom passar horas na gangorra, é muito bom, estar com elas nas orações, apesar da "zuada", é muito bom sair correndo pra pegar caju no pé, é muito bom deitar pra ouvir histórias do Ir. Michel, e de repente, ter 15 crianças no seu colo, ou te fazendo cafuné.
Durante a colônia, as crianças vão a um parque de diversões e numa piscina. E ficar olhando de longe, elas pulando, rindo, saber que pelo menos por uma semana, elas não tem que fazer outra coisa, a não ser brincar, foi muito bom.
Quando a colônia acabou, fiquei mal, mal, chorei muito ao ver as crianças indo embora, com suas sacolinhas na mão, e saber que iam voltar pra aquela vida sofrida. E saber que não podia fazer nada, só me consola saber que o ano todo, elas tem uma hora e meia pra ir brincar em taizé, onde lancham também.
Não dá pra explicar direito, só vivendo a experiência.
Só posso dizer que quero voltar logo, porque to morrendo de saudades das crianças.
Voltei carente pra SP.
Saudades de ver as crianças sentadas no pé de jaca, saudade de entrar em Taizé e sentir cheiro de caju, saudade das orações, saudade de gritar "diga ua chica bom" , saudade dos grandes amigos que pude fazer lá.

Viagem a Bahia - Parte I

Sai de viagem, 32 horas de ônibus até a Bahia. Eu, 2 freiras e uma aspirante a freira. Eu me dou bem em viagens, durmo bastante, como, leio muito. Fui pra Bahia ser monitora de uma colônia de férias para crianças carentes, um projeto da comunidade Taizé.
Nos primeiros dias, me hospedei na casa das irmãs de Santo André, vizinhas a comunidade. Não pensem que pra mim, isto é comum, não é. Mas foi como em uma casa normal, exceto não vermos muita tv, só jornal, não ouvirmos rádio, e o silêncio da última oração da noite até as 10 da manhã. Toda esta experiência pra mim foi boa.
No primeiro dia já comi 5 cajus, umbu, acerola ... tudo do quintal.
Alagoinhas é uma cidade mesmo bem pobre, ou melhor, a parte periférica onde eu estava. As crianças com as quais eu trabalhei, tinham casas do tamanho do meu quarto, tinham uma família super desestruturada. A minoria morava com pai e mãe. Eram vítimas não só da miséria mas também da violência.
Não sei explicar porque, mas lá existem muitas crianças cegas, surdas e surdas cegas. Imagino que alguns ou muitos casos sejam consequências das tentativas de aborto.
O trabalho que a comunidade Taizé faz com estas crianças é maravilhoso, os irmãos Taizé ( monges) são extremamente amorosos e pacienciosos com as crianças.
A única coisa que senti muita falta, foi mesmo da internet.
Então fui tomando notas num caderninho que vou passando pra cá aos poucos.